Há um momento de silêncio enquanto pego as cordas…é algo solene sem ser pesado. É quase como um ritual, mas sem protocolos. Ela relaxa, e fica centrada, aguardando. Eu me concentro, os planos do que vou fazer se desenhando em minha mente…as engrenagens rodando rápido, hiperlinks de pensamento, uns conduzindo a outros, numa rede de conexões neurais da internet perfeita que é nosso cérebro.
Seleciono uma corda, o loop entre meus dedos…ela se senta, na beira da cama…. Eu me movo, me coloco atrás dela, alinhando os braços e as mãos horizontalmente… A corda passa por trás de baixo para cima, fazendo duas voltas pouco acima dos pulsos…. Eu faço o nó, travo e testo para ter certeza de que não vai deslizar…. Eu a abraço por trás e beijo…. Nesse momento algo já mudou em seu semblante. Ela está em um outro nível de percepção, de sentimento, e eu noto que eu também. Pois nessa simples troca de olhar somos parceiros em nossos desejos, em nossas fantasias, e no sentimento de que aquele é um mundo só nosso, onde nos entendemos em diversas dimensões.
A corda sobe diagonalmente, eu início as duas voltas em torno dos ombros… Passo a ponta da corda sobre os mamilos…de leve…acariciando…depois continuo, traçando as linhas acima dos seios…. Travo a corda, ancorando e centralizando-a no meio das costas…. Meu indicador corre por dentro das voltas, alinhando… Aperto mais, como ela gosta. Como não vou suspendê-la, posso me dar a esse luxo.
Fico de frente pra ela…o brilho em seus olhos encanta…excita…convida. Minhas mãos a tocam…passeiam…acariciam…apertam. Volto ao “trabalho”. Inicio as travas do loop superior, passando a corda abaixo da axila, entre o tronco e o braço por sobre as linhas acima dos seios, voltando a corda para trás, pelo mesmo caminho. Emendo a segunda corda, e repito o processo do outro lado…. Observo, acaricio, excito.
A imagem é linda. Começo a fazer o loop inferior, as cordas formando uma linha agora abaixo dos seios…delimitando-os…destacando-os. Repito o travamento. Nas costas, uma coluna de cordas, com ancoramentos vai se formando. Paro. Olho. Verifico. A prática me permite uma interação maior, o conhecimento das formas me traz mais controle… Nossa respiração muda.
Termino adicionando mais uma corda, para efeitos estéticos, pois isso também nos dá prazer…a trama se modifica. Um desenho se forma. As construções agora são notas mais intrínsecas à melodia desse dueto…o arranjo fica mais complexo, as variações são inúmeras.
O que se segue é muito mais…e é apenas nosso.
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