
Apresentações são sempre complicadas – como tramas – porque a gente muda com o tempo – pelo menos é o esperado… Mas faz-se necessário, mais uma vez., já que o “Tecendo a Trama” ficou afastado durante alguns anos. Uma vez que ele está de volta, segue um breve resumo de quem está arequitetando essas ideias.
Antes de mais nada, satisfazendo a curiosidade de muitos(as), sou Psicólogo. Brigando por construir um espaço terapêutico para que as pessoas do meio se sintam acolhidas. Isso é muito mais difícil do que parece.O preconceito começa no mundo baunilha e atravessa – e infelizmente, muitas vezes se multiplica – no mundo BDSM. Mas isso é apenas uma parte, de muitas que me constituem.
Querendo ou não, me conhecem pela prática de Shibari por muitas pessoas sérias do meio. Um privilégio que conquistei mesmo com poucas demonstrações de minha técnica -arte? devido ao meu enorme nível de exigência e autocrítica. É um fato: realmente, as cordas são minha paixão. Mas elas não me definem…não sozinhas…são a ponta do Iceberg.
Sou Top. Sádico. Ok, bom começo certo? Já dá para ter uma idéia do meu lado da balança…ou não? Bem, eu costumo ser ponto fora da curva com muitas coisas. Com o sadismo não seria diferente. Estou longe do estereótipo do sadismo diretamente relacionado a impact play em suas diversas formas. Não sou avesso às mesmas, diga-se de passagem, mas meu foco é, digamos, mais sutil…
Não que as cordas estejam longe do sadismo…lembrem-se que a origem do shibari é o Hojojutsu…método de tortura de prisioneiros no Japão feudal… Pesquisem “semenawa”, também. As cordas estão longe de ser apenas construções estéticas e belas…
Mas sim, vamos lá: práticas, preferências… A mais comum relacionada ao Shibari com bastante frequência é o wax play. A combinação estética mais uma vez chama a atenção. Contudo a beleza é um disfarce. As cordas combinadas de forma segura com as velas podem criar situações, digamos, quentes e um tanto desconfortáveis, mesmo para quem está acostumada com as velas.
Mordaças…adoro…de todos os tipos que imaginarem…das mais simp´les às mais exóticas.
Fetiches…tenho alguns clássicos.
Que mais? São tantas…Medical play…algumas práticas obscuras passam pela mente do Dr. Silver…
O que eu quero enfatizar é que, tirando práticas que não me causam grande inspiração (como pet play, por exemplo) qualquer uma cujo conhecimento me seja pertinente será usada da maneira mais inusitada…buscando o resultado de maior impacto. Isso, para mim…também é sadismo. A criação de situações inescapáveis, com opções que não são verdadeiramente opções…
Mas tudo isso só dará certo…se existir uma conexão com a pessoa do outro lado…se existir contexto.. Conhecer como a outra pessoa funciona, e deixá-la saber como eu funciono, essa troca é o ingrediente principal para que a intensidade se estabeleça, para que o encontro seja entre 2 pessoas, antes de ser um encontro de papéis…
Por isso a bottom extremamente passiva me entedia. Por isso as pessoas vivazes, com opinião e auto estima equilibrada ( o melhor possível, ninguém é de ferro…) me encantam …
O que eu quero dizer com tudo isso é:eu não sou o “cara das cordas” apenas…assim como ninguém é apenas uma das coisas que faz. Sou muito mais que isso. Por isso não gosto muito de rótulos. Por isso conversar e conhecer é o melhor caminho. Contexto, sentido…pessoas antes de papéis, como costumo dizer sempre.
Sem contexto, o que resta é o vazio.
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