Não Se Mova – Parte 1

estatua de uma mulher nua, envolvida em cordas em um bosque.

-Ah, e não se mova… –  disse ele pausadamente, sem alterar o tom de voz, enquanto a deixava ali.

“Ali” era um pequeno quarto no apartamento, devia ter uns 3 x 2 m . A mobília consistia apenas de um sofá, coberto com uma capa lilás, um baú azul petróleo e um armário de roupas branco, de 2 portas apenas. No teto,  um ventilador pequeno de 3 pás rodava suavemente, trazendo uma brisa leve. Não havia cobertura para a lâmpada de led que banhava o quarto todo pintado de branco com sua luz fria. Um pouco mais afastado do ventilador de teto estava um pequeno quadrado de metal preto fixado por 4 parafusos fortes, com dois aros de metal se cruzando. Neles estava preso um mosquetão que, por sua vez, possuía preso a ele um “swivel” –  destorcedor de cordas. Para não gerar confusão é um dispositivo que impede uma corda atrelada a ele de se torcer em si mesma, e que permite que ela possa girar. No final da armação, um aro liso de madeira clara completava o conjunto

Não é surpresa então que dele pendesse uma linha de suspensão em corda de juta, que, em sua outra extremidade estava atada às outras cordas de juta que envolviam o corpo de Beatriz.

Ela internamente não achara graça no “não se mova”. Primeiro que se mover, no sentido de sair de onde estava, não era possível fisicamente. Seu torso e pernas estavam amarrados , e ela pendia do teto, suspensa pela corda que levava ao suporte do teto. E segundo que, qualquer movimento que fizesse seria involuntário, já que a maneira como estava suspensa não permitia que ficasse completamente de pé.

No momento em que essa ideia lhe passou pela cabeça, ela entendeu. E ficou com medo.

Vinicius voltou para o quarto, com uma xícara de café quente nas mãos e se sentou no sofá, acomodando-se para apreciar o corpo de Beatriz instável, mas ainda sem tremer. Ele começara baixando as mangas  do vestido azul escuro com estampas floridas para o meio dos ombros. Foi para trás dela , passou seus braços sob os braços dela e segurou seus pulsos. Deu a ambos o tempo de sentir esse momento inicial Ele aproximou seu rosto do pescoço dela, os cabelos bem curtos deixando-o à mostra, e inalou o perfume…um cheiro levemente doce e esfumaçado o excitou – mais – e ele seguiu puxando os pulsos para trás, trazendo junto os braços e os cruzando na parte baixa das costas. Pegou a corda que estava pronta ao lado e envolveu seus pulsos, iniciando a construção do padrão mais básico e famoso do shibari, onde pulsos, braços e seios ficavam presos pelas cordas.

Beatriz gemeu assim que sentiu a corda prendendo seus pulsos. O momento em que a corda cruzou seu peito acima dos seios pela primeira vez fez com que ela suspirasse, soltando um gemido baixinho. Ela sabia que ele estava sorrindo levemente como sempre fazia ao perceber as reações que as cordas provocavam nela. A cada volta da amarração eles se retroalimentavam de tesão e desejo

Ele a conduziu para uma posição sob o aro que pendia do teto. Ambos descalços sobre o conjunto de placas de EVA preto com 1 centímetro de espessura, criando um piso confortável diferente do piso liso de madeira. A deixou de pé enquanto iniciava a construção da linha de suspensão que a manteria naquele lugar.

Beatriz sentiu quando foi levemente içada, a pressão nos ombros aumentando. Mal se acostumou com a posição quando ele se colocou à frente dela, uma das mãos segurando a extremidade da corda, que geralmente ele prendia temporariamente com um nó simples na própria linha de suspensão, e com a outra segurou seu queixo suavemente e disse:
-Abra.-

A voz calma e suave e aquela simples palavra a deixaram molhada imediatamente. Ela não hesitou e abriu a boca.

– Morda e segure firme, não deixe a corda escorregar, pode não ser…saudável… –

Ela mordeu a corda com força um sabor indefinido, como morder um tecido rústico. Ela tomou cuidado para manter a corda presa. Ela já tinha aprendido que tudo que Vinícius dizia tinha um significado oculto. Alguns ela já começara a desvendar, mas nunca era fácil.

Ele se agachou na frente dela, amarrando uma corda em volta da sua cintura, puxando-a para baixo. Aproveitou e puxou a parte de baixo do vestido um pouco para cima , deixando que caísse sobre a corda da cintura, até deixar a simples calcinha branca de algodão à mostra. Ele empurrou levemente a perna esquerda dela pela parte de dentro, demonstrando sua intenção de ela se movesse na direção do empurrão.

Ela não hesitou e abriu mais as pernas, começando a sentir o desconforto da posição, sem deixar a corda da boca escapar, buscando manter o equilíbrio. Ela sabia que se apoiasse o corpo na linha que vinha do aro iria forçar a corda da boca, então, não cedeu à essa tentação. Sentiu um arrepio pelo corpo todo quando ele passou um dedo levemente por sua buceta por cima do tecido da calcinha, que já estava molhada. Ele ficou alguns segundos em um vai e vem suave que era um verdadeiro tormento, enquanto inclinou a cabeça para cima e a olhou sem dizer nada, ela olhou de volta, sentindo a respiração se acelerar, gemendo de leve quando ele a tocava.

Vinicius passou a corda entre as pernas dela, dividindo-a ao meio. Ele propositadamente apertou deixando o mínimo de  folga, construindo rapidamente uma espécie de calcinha de cordas. Ele podia ouvir que ela já estava ofegante. Se fastou uns passos para pegar mais uma corda, que prendeu desta vez juntando as pernas dela, fazendo algumas voltas na coxa pouco acima do joelho, deixando momentaneamente o resto da corda pender para o chão.

Beatriz ofegava mais forte. Ela achou estranho, ele geralmente a deixava com as pernas bem afastadas, e não saber o que viria a seguir a deixou assustada e excitada ao mesmo tempo. Ela o acompanhou quando ele se aproximou e puxou lentamente a corda que estava em sua boca, e foi para trás dela. Ela sentiu o puxão mais forte quando ele a içou mais, e achou que ele iria começar uma suspensão…mas ele a deixo apenas tocando os dedos dos pés no chão.

Vinicius verificou a estabilidade das cordas deu uma volta em torno dela, e parando a sua frente. Ele pegou o resto da corda da coxa e passou pela corda da cintura, forçando Beatriz a se curvar pra frente…até o limite da linha de suspensão. Ela e estava presa de forma a não ter espaço para se mover.

Ela soltou um gemido baixo, o tesão já misturado ao incômodo e à sensação de imobilidade que era algo que alimentava suas fantasias desde adolescente.

Vinícius apreciou sua construção, e, como um toque final, baixou a frente do vestido, deixando os seios de Beatriz à mostra. Ele os acariciou suavemente, vendo os mamilos se eriçarem junto com a respiração ofegante. Foi quando ele disse a ela para não se mover…

E agora ele estava lá sentado, observando-a, calmamente tomando seu café em silêncio

Beatriz se controlava para manter a posição, mas já começava a sentir que seu corpo não ia obedecer…contra a sua vontade, seus músculos a trairiam. Ele colocou a xicara de café no chão, foi até o baú e pegou…alguma coisa, ela não conseguia ver o que, e nem ousava se virar para ver.

De volta ao sofá, Vinicius se sentou e sorriu.

– Estou gostando de ver como você é obediente… Mas é claro que , se você começar a tremer, eu serei forçado a tomar algumas providências. Melhor você manter o controle. Aí, é só esperar eu terminar de me deliciar com a visão excitante que você me proporciona

Beatriz sentia um misto de ódio e tesão, sua mente e seu corpo divididos entre a dor da posição incomoda, as coradas apertando e torturando seu corpo em …toda…parte…e ao mesmo tempo inebriada com a excitação que tudo aquilo provocava ao mesmo tempo.

Ela sentiu um movimento leve e involuntário em sua panturrilha direita. Olhou rapidamente  para ele.

Vinicius sorria, calmo e recostado no sofá. Ele notara o primeiro tremor. Não se passaram muitos minutos, e um novo ocorrera…Ele viu o pânico nos olhos de Beatriz…o não saber era mais uma forma de tortura que funcionava muito bem com ela.

– Bom, você se moveu…não me deixa escolha… –

Ele se levantou e foi para trás dela.

Beatriz sentia suas pernas tremerem inteiras, como se um vibrador tivesse sido ligado a ambas

– Perdão…eu não queria…mas…é involuntário… – ela disse, numa vã tentativa de impedir o que quer que fosse acontecer.

– E agora tá movendo os lábios…tsk tsk…vamos resolver isso. Já vou cuidar de você…

 

Continua…

destaque de um homem segurando uma xícara de café com os dizeres " keep calme and do Shibari"

Aprecie os momentos...

Escrito por: <a href="https://tecendoatrama.blog.br/author/silver/" target="_self">Marcus Silver</a>

Escrito por: Marcus Silver

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Top. Kinbakushi. Rigger. Irônico. Psicólogo. Músico. Arquiteto de TI. Jogador de videogames e RPG. Se definir não é fácil. Tecendo a Trama é uma obra em constante evolução, assim como eu. Escrever é muito mais que produzir um texto, então coloco muita coisa em cada pedacinho aqui. Pronto. Bio feita. 😎

26/06/2025

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Também deixo claro que isso não é um curso introdutório

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