Dicionários andam caros ultimamente. Estou assinando o Houaiss por um período gratuito que não irei renovar. Tudo isso porque fui buscar as definições da palavra “eco”. Vou citar as que achei relevante para este texto:
- Repetição de um som reenviado por um corpo duro.
- Física- Reflexão de uma onda eletromagnética ou de radiofrequência.
- imitação ou repetição das palavras, idéias[1], atos de outra pessoa.
- boa repercussão; acolhimento.
A 5ª série que habita em mim sabe que você também teve pensamentos toscos ao ler o “corpo duro”. Mas tudo bem, prossigamos…fiz essa pesquisa porque queria ilustrar melhor algumas sensações, situações, sentimentos que podem ou não ter eco…em nossos sentimentos e desejos. O item 4 é o meu ponto de partida; eco como a representação de uma sensação boa e envolvente.
Pegue por exemplo um apito (hoje parece mais uma buzina, mas vamos lá). Um som alto, mas nada estrondoso, pode até ser barulho de fundo. Mas pode te remeter a um momento em que ele foi a trilha sonora de um momento especial.
Há perfumes que enjoam. Alguns muito doces, outros muito fortes, e alguns…podem te teletransportar.
Às vezes o frio só te faz pensar em se aquecer. Outras vezes, estar agasalhado como uma cebola de várias camadas é uma sensação reconfortante.
Eu poderia ficar aqui falando de ligações, memórias como ecos dos sentidos..
“- Com licença…O que isso tem a ver com BDSM?” pergunta a pessoa que lê ávida e apressada por encontrar o significado, afinal, ela está lendo seu blog para que?
[1] Sou contra algumas coisas da reforma ortográfica, gosto de idéia com acento.

Eco ou doutrinação?
Vamos ser mais concretos então. Pegue uma algema de metal. Para muitos, o simples toque do metal é excitante. Fora o fato de prender alguém e… para outros, é algo que só deveria ser usado pela polícia
Uma corda…pode servir para amarrar caixas, embrulhos, varal de roupas…para outros, significa a extensão de suas mãos e braços…para outras, o toque significa uma erupção de tesão e calor.
Nem tudo ecoa da mesma forma para todos. O que é mágico para uns, pode ser indiferente para outros. O que é normal, no sentido de seguir a norma, é que somos seres geneticamente e psiquicamente diferentes uns dos
outros em essência. Temos acordos, nos parecemos, fazemos escolhas semelhantes…Mas elas não são obrigatórias, não são absolutas. O absoluto é a morte da individualidade, não canso de repetir.
Não existe uma única maneira de ser Top, não existe uma única maneira de se submeter, não existe lei que obrigue seu comportamento. As letras do acrônimo BDSM representam uma subcultura que definiu bases, parâmetros para se diferenciar da violência, da insanidade, do abuso.
É necessário se informar, entender aprender, mas também é necessário e fundamental…viver…
Há que se buscar o equilíbrio. E, fundamentalmente voltando ao eixo principal deste texto, buscar alguém que ecoe com o que você deseja, pensa e sente…não é encontrar alguma pessoa igual, não é achar alguém famoso, não é se enturmar no meio e, principalmente, não é se anular, se inibir, em função de um sagrado manual de regras do qual uma pretensa maioria pensa ter controle para ditar o seu comportamento.
Não, não é o Príncipe encantado, é alguém que faça sentido com o que você almeja, com quem você é. Que não seja um título, que não seja um papel, que não seja uma personalidade vazia…e sim, uma pessoa. Ser humano, de preferência, não um “cerumano”.
Provavelmente você vai sentir – não achar, concluir, analisar. Sentir ainda é e sempre será importante. Mesmo que seja para uma única vez. Porque mesmo que o que você sinta seja apenas tesão, se isso estiver claro para ambos, o eco acontecerá…
O que vier a mais, se vier, é uma possibilidade de gerar novas memórias que se refletirão no tempo…tempo…tempo…

Cuidado com os príncipes...
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