Dentre a pletora de mitos que abundam no que se convenciona chamar “meio BDSM” está o da figura do Top como figura toda poderosa que possui conhecimento sobre todas as coisas, é cercado de bottoms que competem e disputam sua atenção. Quase um soberano. A recente literatura e mídia não ajudaram muito a desmanchar essa imagem. Quantas verdades existem nisso?
Pois bem…cá do alto do meu trono…ué? Cadê? eu sou Top, deveria ter um trono aqui em algum lugar…Bom, vou falar aqui da cadeira do meu escritório mesmo, em frente ao computador. Só por aí já se vê…não estou num celular, nem mesmo um tablet
Eu me sinto meio estranho sabe… vou confessar aqui minhas manias esquisitas de Top. São muito mais bizarras do que o que vocês lêem nas redes sociais, portanto, preparem o estômago.
Eu costumo considerar as pessoas que conheço como pessoas antes de saber como se posicionam. Já imaginaram isso? Falar sem saber se ela é bottom, switch, top… Não é esquisito isso? Sei lá…conversar com outro Top, ou uma Domme…que bizarro…
Mas tem sempre as bottoms mais afoitas, que já se anunciam como submissas, escravas, brats, little.. afinal , pessoas devem ter mais certeza sobre si mesmas. Sabe o que eu faço? Ha! Eu continuo tratando-as normalmente, não ordeno que façam nada, não peço que me chamem de Senhor, não uso caixa alta nos textos, nem digo quantos anos eu tenho de BDSM… digo que BDSM não é so D/s…Eu avisei, não avisei? Só coisa pesada!

Kajira dos Sete Véus Da Submissão Absoluta
Mas não para por aí… Eu não aprendo as coisas só no YouTube não! Eu pesquiso, me informo, leio e tento entender sobrea as práticas que gosto…demora! eu leio, falo com pessoas mais experientes, faço cursos, treino.
Aqui a coisa começa a ficar heavy…porque eu procuro saber até um pouco de anatomia, para saber onde passar as cordas, onde bater, como usar instrumentos…e até as consequências que podem vir do mau uso. Pra poder improvisar, sabe…sabendo o que eu estou fazendo. Que graça tem isso, fala sério?
E depois de tudo isso…caso eu vá criar um relacionamento com alguém, eu tento ver se os desejos dela batem com os meus, ouço…entendo, estudo como a mente dela funciona, como o corpo dela funciona e…Eu não imponho nada até que tenhamos decidido ir em frente. Vejo se – aqui preciso de coragem pra escrever – os limites dela são algo que se encaixa com os meus, e se são demais pra mim…eu procuro outra pessoa. Não imponho os meus porque afinal de contas, eu sou Top. Coisa muito heavy metal isso.
Vou dar uma pausa aqui. Vocês devem estar chocados(as), eu sei. Mas não foi falta de aviso.
Não é à toa que não sou aplaudido e seguido por multidões…reverenciado…nem Título Reluzente em negrito eu uso. Imaginem só eu não tenho nem um harém, mesmo sendo poliamorosos em um relacionamento aberto…uma pessoa realmente pervertida
Minhas idéias giram em torno de fazer as pessoas se questionarem, pensarem…respeito, consideração. Eu não defendo absolutos, não acho que existe uma única verdade, não acho que devo ser ouvido por meu tempo ou posição. Que gostos peculiares, exóticos, terríveis!
Agradeço aos que conseguiram ler essas verdades inconvenientes até aqui. Sou esse cara na contramão. Que gosta de conversar, ouvir, argumentar. Mas precisava desabafar. Ser hardcore assim é muito pesado. Todas essas manias, argumentos, provocações me levam a um caminho muito solitário.
Não me entendam mal, há um prazer enorme em estar sozinho (mais uma maluquice). Ele só some quando você não quer estar sozinho. Quando a companhia que você procura pra compartilhar todas essas idiossincrasias e não encontra. Aí , não é legal, não.
Quanto ao tal trono…me lembra um pouco o da série “Game of Thrones”. Prefiro algo mais confortável, e uma companhia que tolere minhas esquisitices e queria compartilhar um bom vinho, pelo menos.

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