Ele a esperava em casa. Estava de pé, entre dois cômodos. O apartamento era antigo, a sala era grande, dois ambientes. Um par de sofás de couro preto em L ficava de costas para a porta de entrada, encarando uma grande janela de parede quase inteira, com vista para a rua. Se bem que, no momento, a vista era obliterada pelas cortinas que isolavam o ambiente do exterior e ainda criavam um ambiente aconchegante, auxiliado pela luz indireta da luminária que ficava em um dos cantos. Uma mesa de centro com tampo de vidro, com alguns livros de arte e uma pequena tigela de cerâmica pintada de branco, que abrigava um queimador e sua discreta chama, aquecendo sobre ela um pequeno recipiente com óleo aromático, mergulhando o ambiente em uma mistura de madeira e cítricos que conferiam um toque exótico ao conjunto.
Ele apreciava o silêncio e a semiescuridão. Sua privacidade era algo que preservava de forma ferrenha, e acabava por conferir um tom intimista e discreto a seu cotidiano, fosse na maneira como se vestia, na forma como decorava sua casa, seu local de trabalho, seus cenários de sessão, como costumava chamar qualquer ambiente que o inspirasse em seus encontros com sua…
O pensamento o fez virar-se olhar para a sala de jantar, contígua à sala de estar. Uma mesa retangular de 6 lugares, com estrutura de metal, preta e um tampo de mármore, rajado em tons acinzentados e pretos. As cadeiras também em metal, combinando com a mesa, possuíam um assento num tom ocre, contrastando com a paleta mais escura. Um lustre rebaixado com uma cúpula de Murano opaca banhava a mesa com a luz fria de sua lâmpada fluorescente. Num aparador fixado numa quina estavam alguns itens que destoavam um pouco da decoração elegante e discreta.
Uma mordaça tipo spider, pregadores de metal com pressão regulável, um chicote de cabo preto emborrachado com tiras de borracha muito finas e um mini vibrador estilo Hitachi não era o que se poderia chamar de itens de decoração de uma sala de jantar. Uma das cadeiras, puxada para fora de seu lugar à mesa estava próxima ao aparador; sobre ela vários cortes de corda cuidadosamente enrolados e sobrepostos. Um sorriso discreto e fugaz apareceu em seu semblante sério e tranquilo. A arrumação parecia à contento.

Um das favoritas...
Olhou para o relógio. Em cinco minutos ela deveria tocar a campainha. Ele se dirigiu ao sofá menor que ficava de costas para a porta de entrada, e sentou-se. Tinha escolhido roupas simples e confortáveis. Um jeans de lavagem escura, num tom de azul bem fechado, uma blusa de algodão branca, com decote em V e magas compridas enroladas até o antebraço, sapatos de couro preto, bico fino. Meias pretas, um cinto preto com uma grande fivela retangular em metal escovado completava sua indumentária.
Reviu mentalmente o que havia planejado para aquela noite. Gostava de repassar seus planos verificando detalhes. A observação de detalhes sempre foi sua arma secreta para muitas situações…especialmente as como a que estava para se desenrolar. Detalhes como os 3 minutos de atraso que se completavam agora…não, 4. Levantou-se para ir buscar uma cerveja na geladeira. Uma Xingu gelada pareceu uma boa pedida para o momento.
Aos 6 minutos após a hora combinada o interfone tocou. A voz enrolada do “porteirês” anunciava que ela havia chegado. Com a pequena garrafa de vidro escuro na mão esquerda, foi até a porta. Como morava no segundo andar, sabia que ela chegaria rápido. Ouviu o ruído do elevador, e o sonoro e clássico “ding dong” da campainha. Abriu a porta, devagar. Tomou um gole da cerveja e começou a dissecá-la de cima a baixo com o olhar, antes de convidá-la a entrar.
Ela permaneceu parada, olhando para ele. Essa era uma das coisas que a deixara intrigada a respeito dele. Desde a primeira vez em que se encontraram, e ela tentou manter os olhos voltados para baixo, não o encarando e olhando diretamente e ele perguntou “Por que você não olha para mim?”. Ela respondeu que era um sinal de respeito, dela como sub, a ele como dominador. Ele sorriu e disse: “Só estamos nos encontrando para um café, para nos conhecermos melhor. Ainda não sou seu dono. E se fosse, você saberia que eu gosto que me olhem, assim como gosto de olhar”.
O mesmo olhar penetrante e incisivo que a surpreendeu naquele dia estava ali. Chegava a incomodar, quando ele focalizava e olhava diretamente. Como agora.
Ele gostou do que viu. Não tinha dado a ela nenhuma descrição específica sobre como se vestir, além dos seus gostos em geral, os quais ela já sabia. Tinha dito apenas “Você sabe minhas preferências. Surpreenda-me”
Certamente ela o fez. Os cabelos ruivos e lisos caíam sobre seus ombros, que estavam à mostra. Apenas as duas linhas finas das alças do vestido que ela usava. Ela havia escolhido um vestido simples de uma malha macia, que dava a impressão de que o tecido era molhado. A cor era vermelho bordô, bem fechado, uma de suas cores favoritas. O vestido terminava pouco acima dos joelhos, e era justo o suficiente para realçar seu corpo, apenas sugerindo suas deliciosas curvas sem mostrar demais. Ela usava meias (7/8, com certeza, talvez com ligas…ela não usaria meia-calça, sabia que ele não gostava) num tom muito semelhante ao vestido, cobrindo suas penas longas e desenhadas, e usava um Scarpin preto com um salto bem alto, que a deixavam quase da mesma altura que ele. Ela não estava usando sutiã, seus mamilos podiam ser notados com facilidade por qualquer um que a olhasse, coisa que certamente aconteceu enquanto ela se encaminhava até seu apartamento. Saber que isso a deixava um pouco desconfortável o agradou. Saber que ainda assim ela o fez o agradou mais ainda. Mas, ao invés de elogiá-la, tudo que ele disse foi:
– Você está atrasada.
Dessa vez ela baixou os olhos:
– Eu sei. Por favor, me perdoe – disse ela, sem tentar adicionar nenhuma explicação ou justificativa. Sabia que não adiantaria.
– Trataremos disso depois. Entre, por favor – ele disse, abrindo mais a porta e fazendo um gesto com o braço como que a convidando e conduzindo para dentro, a mão ainda segurando a pequena garrafa de cerveja.
Ela entrou, caminhado uns poucos passos, enquanto ele fechava a porta, trancando-a com a chave, que colocou no claviculário fixado na parede ao lado, e rodando o trinco de segurança. Um pequeno arrepio a percorreu. Uma sensação de clausura e ao mesmo tempo de segurança a envolveu.
– Dê-me sua bolsa – ele pediu, já segurando a alça da bolsa preta de couro com detalhes em metal prateado que ela trazia aos ombros. Ela deixou que ele levasse a bolsa até um dos quartos, e ficou de pé, aguardando que ele voltasse. Ela estava ansiosa, cruzando os braços e se movendo, inquieta, mas sem sair do lugar.
Ele voltou caminhando tranquilo e devagar, já sem a cerveja nas mãos, parando em frente a ela e sorrindo. Tornou a olhá-la com uma expressão séria, como se a inspecionasse. Com mais alguns passos, ficou atrás dela, circulando-a. Ela teve de se esforçar para não olhar para trás. De repente, sentiu a mão dele agarrar seu pulso. Ele a puxou, forçando-a um rodopio como se fosse um passo de dança, mas a força aplicada a jogou com as costas de encontro a parede. Ele agora estava de frente para ela, pressionando-a. A mão esquerda dele forçou-a a dobrar o braço direito atrás das costas, enquanto a direita se fechou como uma garra em torno de seu pescoço. A pressão era suficiente para manter sua cabeça na parede. Ele aproximou seu rosto do dela, e sussurrou em seu ouvido:
– Seja benvinda, vadia.
Ela não pode conter um gemido. Em menos de um minuto, ela se irritou consigo mesma por ser tão fácil e transparente…para ele. Ela se orgulhava de seu autocontrole, geralmente. Mas com ele era sempre diferente. Imprevisível. E ele sabia disso. Sabia como ela gostava de ser pega à força. De como a mão dele em seu pescoço a deixava com o coração batendo mais rápido. De como xingá-la a excitava. De como isso tudo a deixava molhada, como agora.
– Obrigada…meu…Dono – ela disse, arfando, com a respiração alterada. Pronunciar aquela palavra sempre a fazia sentir-se especial.
Ele forçou seu braço a se dobrar mais atrás das costas. Mais um gemido. Ela fechou os olhos por um instante, aproveitando mais a sensação dos músculos de seu braço se esticando em suas costas, a pontada de dor no ombro, a força da mão dele em seu pulso.
Ele sorriu, olhando para ela.
– Abra os olhos. Quero que olhe para mim, meu projeto de puta.
Ela abriu os olhos, gemendo. Ele tinha os olhos castanhos amendoados. Mas na penumbra, eles pareciam ter brilho próprio.
– Agora abra as pernas.
Ela começou a afastar as pernas lentamente, sem desviar o olhar. Ele usou seu pé direito com um pequeno toque indicando que ela deveria abrir mais. Ela resistiu. Ele apertou a mão em seu pescoço. Sussurrando, ele disse apenas
-Abra mais.
A pressão a fez tentar se libertar, por um momento. Ela se remexeu, o que só fez com que ele apertasse mais seu braço e jogasse mais seu peso para cima dela. Ela conseguia sentir o calor da proximidade, o braço torcido trazendo pontadas de dor mais agudas, a mão se fechando, O volume do pau dele dentro da calça agora forçado contra seu corpo…e um tesão indescritível tomando conta dela.
– Abro…eu abro…ela gemeu/falou
Ele diminuiu a pressão ao ver que ela escancarava as pernas.
– Vamos ver como você está, vadia.
Ela sentiu a mão soltando seu pescoço. A sensação de alívio – e de ausência, falta – a tomou. Apenas até sentir que a mão agora subia por entre suas pernas, embaixo do vestido. A mão cujos dedos alisaram sua buceta por cima da calcinha. Que a pressionaram, que se enfiaram dentro dela por dentro da calcinha, invadindo-a, explorando-a sob pressão Dedos que certamente sairiam lambuzados. Como ela estava.
Ele girou os dedos por alguns instantes…ele gemia e virava a cabeça para os lados. Ele puxou a mão.
– Algo me diz que eu a estou tratando como devo – ele disse, esfregando os dedos viscosos, levando-os a boca e provando. – Você está saborosa. Quer se provar?
Ela balançou a cabeça, negando.
– Quer sim. Eu sei que quer.
Ela fechou os olhos de novo, abrindo-os ao receber um tapa.
– Olhos abertos – ele disse, sem alterar o tom de voz. A maneira quase indiferente com que ele falava a enlouquecia. Tudo que ele estava fazendo a enlouquecia. Assim como ela sabia que sua resistência o excitava. Que sua aparente rebeldia o deixava contente.
Ele forçou os dedos novamente dentro de sua buceta. A pressão da calcinha, a pressão do corpo dele sobre o dela, a parede como que a empurrando em direção a ela…Tudo tão intenso e vívido. Tudo tão maravilhoso.
Ele puxou a mão novamente com os dedos lambrecados com seu líquido. E os aproximou do rosto dela bem devagar, deixando-os a altura de sua boca.
– Pronto, aqui está. Você quer, não quer?
– Não… – ela disse balançando a cabeça…ele aproximou mais os dedos…e sentiu a agulhada de dor no braço, pulso, ombro…e sentiu um prazer imenso em tudo aquilo…
E então ela abriu a boca e engoliu os dedos dele, chupando lambendo e devorando a ele e ela mesma com volúpia.
Ele sorriu levemente, movendo os dedos dentro da boca que os chupava, movendo a cabeça e os incandescentes cabelos ruivos como e para onde ele quisesse.
– Boa menina. Pode soltar agora.
Ela soltou os dedos, mantendo a boca ainda aberta, um finíssimo fio de saliva escorrendo que a deixou feliz, que a fez sorrir, porque ela sabia que ele gostava de vê-la assim….
– Obrigada…meu Dono
– Não me agradeça ainda. Estamos apenas começando.
Continua….

Como uma garra...
0 Comments