Olá, Top. Como vai você? Feliz com a carreira que escolheu? De ter a responsabilidade sobe uma parte importante da vida de outra pessoa que concedeu a você o controle sobre ela? O poder imenso que seu(sua) bottom tem sobre a relação?
Afinal, escolher você é uma prerrogativa à qual você deve agradecer o privilégio, e cuja responsabilidade deve ser consciente, e cuja atenção tem que ser aguçada.
O que? É ao contrário? A obrigação de bottom é se submeter e obedecer sem questionar? A sorte de ter você é algo de se levantar as mãos para o céu? Entendi…Bem, se é assim que você pensa, não precisa ler o resto. Grato por doar seu tempo e ler até aqui.
Onde eu estava…ah, sim. Responsabilidade e atenção. Responsabilidade parece meio óbvio, mas, não custa destacar: o relacionamento estabelecido pode ser o mais leve ou “apimentado” (argh, detesto essa analogia…se bem que…hmmm pimenta…tem seus usos…eu poderia…) …voltando… ou o mais extremo e toda a nuance de tipos entre eles. Acordo. Diálogo. Limites. Tudo deve ser acordado da forma mais clara e objetiva possível, buscando não dar margem a erros, e eles acontecem, apesar de tudo. Daí vem a atenção.
Atenção à linguagem expressa e à linguagem corporal. Não apenas o que se diz, mas como se diz, quando se diz. Atenção às pequenas coisas. Às grandes é fácil. Os pequenos detalhes, as pequenas expressões, ditas quase que desapercebidamente, embutidas numa conversa corriqueira; uma reação diferente num instante… A verdadeira armadilha está na espada de 2 gumes que é a intimidade.

A harmonia da intimidade pode ser inebriante...
A intimidade e o conhecimento mútuo trazem intensidade, e é maravilhoso perceber como interações que iniciaram cautelosas, às vezes meio sem jeito, de repente se transformam em uma sinfonia de prazer recíproco. Ela permite trazer surpresas, viver emoções diferenciadas, trazendo à outra pessoa cada vez mais perto, ao mesmo tempo em que você também se aproxima.
Ao mesmo tempo, e é aí que está a cilada, a intimidade pode trazer a sensação de que tudo sempre está bem. Por isso é tão importante conversar, mesmo as mínimas dúvidas, sensações, impressões podem justificar ajustes e renovar e polir o relacionamento. Pois pode ser que você deixe passar o detalhe, o pedido, mesmo que indireto, de algo que se quer de ambos os lados mas que em função de outras coisas boas, pode ficar para depois.
Não estou “receitando” nada. Apenas alertando, falando sobre possibilidades. O foco é importante no que se deseja desse relacionamento. Ele inevitavelmente será atravessado, em diferentes níveis de intensidade, pelo mundo “real” “baunilha”, e isso pode até ser muito bom, mas você corre o risco de não conseguir manter o equilíbrio, e, dependendo do quanto ele se perde, mudanças irão acontecer.
E mudanças não são necessariamente ruins, muitas vezes são necessárias. Por isso o diálogo é fundamental, vital, essencial, importante pra caralho. Porque andes de Top e bottom, vocês são pessoas, e o que se deseja de um relacionamento muda, e pode ser para melhor. Mas pode ser também que se descubra que mudança não é tão feliz assim. Não tem manual, mas o cuidar desse relacionamento é algo que depende dos dois lados, e é esse cuidado que é o elo crucial.
Você pode ler esse texto invertendo as posições. Mude o título para “Ei, bottom! Você já ouviu seu Top hoje?”, inverta as referências e o resultado será absolutamente o mesmo.
Não é fácil encontrar alguém que se encaixe com o que você deseja, não importa o lado. Não é questão de classificado, ou de “dar match” num aplicativo. Exige esforço, mas passadas as barreiras iniciais, a palavra-chave sempre será cuidado.
Cuide de você. Cuide do outro. Cuide da relação.
“É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver”
– Roberto Carlos – Erasmo Carlos –

É preciso ter cuidado
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