Enquanto buscamos nossas parcerias para nossas aventuras no mundo D/s – BDSM, passamos por várias fases. Algumas cíclicas, algumas típicas de algum momento específico: como nosso deslumbramento assim que adentramos o mundo/submundo do “meio”, quando damos rostos de verdade aos avatares dos perfis, quando descobrimos nossas identificações, conhecemos pessoas.
Quando começamos cada conversa, por mensagens, fóruns, e-mails e as desenvolvemos e começamos a conhecer o outro um pouco mais. As alegrias das identificações, a esperança de que vai dar certo. A decepção quando a realidade se sobrepõe à expectativa
A frustração quando não conseguimos nos comunicar. Quando por melhores escritores que sejamos, um mal-entendido põe fim a um bom começo.
Mas também há momentos sublimes. Quando precisamos de poucas palavras, quando a interação acontece naturalmente, quando o pensamento não necessita ser completado. Mesmo antes do primeiro encontro. Ah, o primeiro encontro, do qual já tanto falei, escrevi. Momento único a cada vez que se repete. Onde mais uma vez ficamos na fronteira entre o contentamento ou o desânimo.
Em meio a tanto vai e vem, subidas e descidas, como ficamos, emocionalmente, racionalmente? O quanto nossos critérios, sonhos, desejos e fantasias resistem aos buracos da estrada? O quanto abrimos mão e o quanto nos agarramos ao que queremos?
Obviamente, não pretendo ser porta voz de ninguém, quiçá de mim mesmo. Mas compartilho aqui o pensamento de minhas minhocas estrategistas, que percorrem minhas conexões neurais e deixam meu cérebro inquieto.
Por vezes me sinto perdido, quebrado, desanimado. Revejo o que escrevo, o que digo, questiono minha clareza. Meu nível de exigência é muito alto? Minha expectativa é inatingível? Nessas horas penso em relaxar, abrir mão, flexibilizar.
Toda vez que fiz isso me arrependi. Por que ao fazer isso, fui falso comigo mesmo, e consequentemente, com o outro. Nunca fui muito à frente com essa atitude, e hoje não faço mais isso. Insistir, no erro, como dizem…
Já experimentei o que é possível no “virtual”. Já tive prazer. Seja por acreditar, seja por compartilhar o comprometimento. Mas por melhor e mais intenso que seja a realidade faz falta se você se importa consigo mesmo e com quem divide essa experiência. Se não for parte de algo maior, acaba por se esvaziar.

Não desista de buscar…
Há aquelas vivências em que temos uma parte do que desejamos. Não como migalha, muito pelo contrário. Com uma intensidade sublime, com paixão ardente. Onde a parte nos preenche, nos equilibra, nos estabiliza. Nos permite continuar. E pelo tempo em que existe em nossas vidas, nos sustenta. Mas, inevitavelmente, é finito. É como se tivesse um prazo de validade. Porque o que se quer, de ambos os lados acaba por não se atingir. A parte que é “o todo” deixa de satisfazer, e o que falta preenche o espaço aos poucos. Não por falta ou responsabilidade de ninguém, mas por ser esse tempo efêmero em essência. Inesquecível, mas …
Tenho a sorte de viver um relacionamento que me permite ser, onde eu permito ser, e onde há encontro e espaço para viver o que desejo/desejamos. Busco. Tenho conhecido pessoas de diferentes personalidades, qualidades, desejos…Espero.
Respondo à pergunta que não fiz: Sim, eu prefiro a espera à pressa. O desânimo à falsa satisfação. Escolho a mim. É o único jeito de poder ser, inteiro, o que vai completar uma outra que busque o que ofereço.
0 Comments