Este texto é um complemento a 10 Dicas Para Um Primeiro Encontro (versão Bottom). Na verdade, o conteúdo deste nasceu em conjunto com o daquele, mas comecei a ver que falar dos dois lados ao mesmo tempo estava ficando confuso, e achei melhor separá-los em duas metades.
Partamos do princípio que muitas coisas básicas da parte “bottom” do texto também se aplicam aqui. Quem, Quando, Conversas, etc. e tudo que diz respeito ao conhecimento da pessoa com quem você irá se encontrar vale para os dois lados da relação (Recomendo a leitura do outro texto).
Mas vou destacar aqui algumas personagens que são características e que representam problemas para o Top em questão:
- Tudo demais… Desconfie. É muito comum receber ofertas de servidão total e absoluta sem ao menos um bate papo por e-mail ou Skype acontecer. Pode ser tentador, mas não é um bom negócio. Conheça o que puder sobre a pessoa com quem está conversando antes de aceitar qualquer coisa. “Submissão Express in a box “não existe.
- Clareza. Tenha clareza do que você deseja, de quais são suas propostas, de como pretende exercer seu controle. É muito comum você receber ofertas de controle que vão muito além do cenário BDSM, e tentam imputar responsabilidades fora desse contexto. Tenha seu acordo bem-negociado. Um exemplo: Se você não é nutricionista, nem sente tesão em ordenar algum tipo de restrição alimentar, não se deixe convencer a fazê-lo só porque você é o Top da relação.
- “Topping from the bottom”[1]. O item acima me trouxe direto a essa que é uma armadilha comum. A pessoa bottom começa a dar dicas de como ela se sentiria se tal prática acontecesse. Como seria melhor se tal efeito durasse mais. Em pouco tempo ela está determinando o que quer, quando quer, como quer…Isso não necessariamente indica um Top fraco, mas um(a) bottom “dominante”. Essa inversão da hierarquia pode acontecer também por falta de atitudes do Top, mas essa é uma outra discussão.
- Top “marido”. Ou “namorado” (esposa, namorada, respectivamente), etc. Deixe MUITO clara qual sua posição desde o início. Se as opções de relacionamento extra BDSM são possíveis, seja claro e sincero a respeito (isso vale pra tudo, creio eu). Se tudo que você quer é BDSM e nada mais, não inicie um relacionamento com quem quer mais que isso. Da mesma forma, não espere mais se a(o) bottom não quer outro tipo de relacionamento.
- Falso conhecimento. Não diga nunca que domina uma prática só pra “ganhar” a (o) bottom. Dia virá em que você terá que dar conta de verdade do que disse que sabia, e assistir um vídeo na internet no dia anterior não vai te ajudar. Ah…e esqueça qualquer boa reputação que você chegou a conseguir. Perdeu, playboy.
[1] Dominando por baixo seria uma tradução possível do termo.

Sessão ou cilada?
- Fora do eixo. Algumas pessoas que se apresentam como bottoms, estão na verdade, em uma séria crise de autoestima. Elas não sabem o que estão fazendo, desconhecem o meio, e veem na entrega uma tábua de salvação para se sentirem desejadas de alguma forma. Não é algo fácil de distinguir no início, mas fique atento: essas pessoas aos poucos demandarão um nível cada vez maior de atenção, podendo chegar ao nível de um redemoinho que vai tentar te sugar num péssimo sentido. Mais uma vez…vá devagar e conheça bem a pessoa com quem está interagindo. É possível, inclusive, que isso seja um sinal de transtorno de personalidade. Isso vale também para a galerinha Top também, ok?
- “Não tem tu….”. Por vezes a procura por um(a) bottom é extenuante, desanimadora … mas a vontade ainda é grande…aí você vê um perfil que você descartou, mas acha que dá para passar por cima de um limite ou aceitar algo que você não gosta muito…PARE por aí mesmo. Não faça isso com você ou com a outra pessoa. Tenha paciência, toca uma, vai ver um filme, sei lá. Relaxa a cabeça, respira e depois volta. Clareza, sempre.
- Limites. Há pessoas que tem muitos limites, algumas com poucos, outras dizem que não têm nenhum. Destas últimas, eu fujo. As outras eu tento entender e verificar até onde elas sabem do que estão falando, ou se estão falando de algo que eu desconheço, e tento sempre trazer a idéia para a realidade. É mais seguro eficaz.
Outro ponto é: Não pense que você pode transformar os limites de outra pessoa apenas porque você o deseja. Limites só se modificam com o tempo e em comum acordo. Conversar a respeito, negociar, é uma coisa. Achar que por ser o Top pode encher alguém que só gosta de Pet Play de agulhas até os olhos, não vai dar certo. Menos, ok, supremos? - Preste atenção. Algumas vezes são insinuações, murmúrios. Às vezes um comentário, uma referência…que podem estar te dizendo, de uma forma sutil que você pode melhorar no que está fazendo. (Incrível, não é? Tops podem aprender…com bottoms!). Submissão não é sinônimo de estupidez, de desespero sexual, ou de “vem ni mim que eu tô facinha”. Tem uma pessoa ali com você, caso não tenha percebido
- Vá fundo, mas não exagere. Esculache, esmerilhe, se aproveite da(o) bottom ao máximo (dentro dos limites, sempre), mas fique atento: Ao chegar na Mulher (ou no Homem) pare. Respeito é uma palavra em extinção, vamos preservá-la… e ao que ela significa. Não perca de vista a pessoa porque se empolgou com o papel.
Bem, agora devo correr, pois o Sindicato Regional dos Dominadores” e a “Associação do Sagrado Livro de Regras do BDSM” (que nunca foi escrito) estão querendo me linchar…até a próxima.

Não perca o controle de si mesmo, antes de tudo
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